sábado, 26 de maio de 2012

Vírgula Final

É no vazio que me acho
Mas o que acho eu não gosto
No silêncio que disfarço 
O que sinto sufocar
A angústia acorrentada 
Que não posso liberar
Fecho as portas
E deixo o que quero passar
O medo me consome
E as palavras a entalar
O presente às vezes insuficiente para o amanhã 
Quero vivê-lo para me achar
Mas mudar o meu futuro pode ser
Abrir mão do importante para viver
A confusão me domina e preciso organizar
Entre os extremos, calmaria e conturbação
Prevalece para algo a razão
Para o resto a efêmera emoção 
E o que deveria ser contínuo e marcante 
Fica escondido como insignificante
Melhor assim talvez...
Viver o efêmero 
E com as ausências não sofrer


(Paula Meireles)

domingo, 11 de maio de 2008

...


Essa complexidade prazerosa que nos invade a alma
Penetra no cérebro e não se vai embora
Ilimitada como o céu e nos faz flutuar
Altura perigosa que nos faz temer ao próprio ar
Inconceituável, intocável, irracional
Mas mais presente que qualquer material
Se não é o centro do universo, é o centro da vida
O motivo que nos move a alegria e também nos deixa ferida
Modifica as palavras, confunde as razões
Faz-nos temer, causa impressões
Pode nos causar culpa ou nos magoar
Mas às vezes é difícil de encontrar, não devemos evitar

segunda-feira, 10 de março de 2008

Vivo aqui...

Vivo aqui...
Onde há pessoas dormindo em plumas e outras sem lugar para dormir
Onde há pessoas morrendo e o povo a assistir
Onde há pessoas suando para conseguir resistir
enquanto há outras paradas com dinheiro a sorrir
Vivo aqui...
Onde vemos o abuso e não podemos falar
Onde vemos quem deveria nos proteger a nos matar
Onde aceitamos a covardia para poder respirar
Respirando o veneno, que já não nos faz sufocar
Vivo aqui...
Onde o sangue se esparrama pelo chão
e isso já não assusta a nação
Onde só percebemos quando é com nosso irmão
Só assim sentimos a dor no coração
Vivo aqui...
Onde o poder pode humilhar a qualquer cidadão
Onde todos assistem a essa opressão
Onde há covardia e ausência de ação
Onde pedimos justiça sem levantarmos as mãos
Vivo aqui...
Onde a ignorância é um vírus, cada vez mais a ferir
Onde imploro justiça, e ninguém a me ouvir
Onde todos só querem saber de si
e nada além, ninguém quer ver, todos se conformam em sobreviver

(Paula Meireles)

Sem inspiração, mas já que pediram para atualizar... ultimamente não tenho escrito...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

As três mulheres



Um amigo decepcionado com uma mulher vira ao outro e lhe diz que nunca mais deseja se apaixonar
Ele estarrecido lhe diz que nem sempre dá certo na primeira vez, mas que na terceira pode ocorrer
O amigo curioso lhe pergunta quantas vezes ele se apaixonou
Ele lhe responde que três
O amigo curioso lhe pergunta sobre as mesmas
Ele responde que a terceira era ela, uma mulher com inúmeras qualidades e defeitos, linda, a mulher com a qual ele deseja passar o resto da vida, e a que ele mais ama e amou
A segunda foi a que mais lhe fez sofrer, não o valorizou e foi a maior decepção da sua vida, a pessoa mais cruel que ele já conheceu
E a primeira era a mulher mais bela e mais perfeita que ele conheceu, a que ele foi mais apaixonado e lhe tirava a respiração só de surgir em seus pensamentos
O amigo lhe pergunta por que ele não está com a primeira
E ele lhe responde que a primeira é passageira, pois é como ele idealizava a mulher atual e como ela lhe fazia sentir ao se conhecerem, a segunda foi a qual ela se tornou quando ele se decepcionou, e a terceira é a que ele a tornou após lhe dar uma nova chance

(Paula Meireles)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

.

Há algum tempo percebi que nem sempre a razão é a escolha melhor
Mas não ter escolhas pode ser pior
Por querer mudar tomei uma decisão
e descobri que escolher o mais visível não era a escolha vinda do coração
mas por um lado era difícil acreditar que uma pessoa como você pudesse me amar
Esperava que fosse uma substituta de um antigo amor
uma procura para esquecer uma antiga dor
É difícil recuperar, não há nenhuma esperança para mim que seu sentimento voltará
Mas para mim também é difícil fazer o meu se acabar
Nunca quis te magoar, nem queria te deixar, mas depois do primeiro passo, já não se pode mais voltar
Tive que seguir o caminho, me afastando, como se não me importasse, enquanto cada passo
me doía de verdade
Posso desistir de continuar, posso voltar, mas apenas para o zero, não tenho mais a chance do seu caminho seguir e talvez prefira do que estar em um caminho afastada de ti
Tenho que me manter longe para não te magoar, multiplicando minha dor por o que sinto não falar
Eu acredito no que você já me disse um dia, mesmo que isso tenha perdido, mas achava que podia está enganado comigo
Até hoje não sei o que você sentiu e nem pude lhe dizer o que senti, mas foi algo muito forte e que permanece aqui

(Paula Meireles)

domingo, 30 de dezembro de 2007

Cárcere mental

As luzes se acendem, ele olha ao seu redor, não há pessoas
Como se tivessem arrancado um pedaço do seu cérebro, não há muitas memórias
Desconhece a razão pela qual ele acordou nesse local
Surge um ser e o pergunta porque ele se encontra com os pulsos algemados
Ele diz não lembrar a razão, porém que lembra de sempre o te-lo assim
O ser pergunta porque nunca se soltou e ele responde que seu objetivo sempre foi a procura pela chave
o ser diz que ele poderia te-las serrado, mas ele argumenta dizendo que o material das algemas não pode ser serrado
o ser então pergunta: você gosta de ser algemado?
ele: mas á claro que não, que pergunta mais óbvia, isso sempre me impossibilitou de levar uma vida feliz e normal, nunca consegui fazer o que realmente quero, fui abandonado por muitos, tantos não me aceitaram, perdi inúmeras possibilidades, emprego, sucesso, poderia ser o melhor em tantas coisas que nem cheguei perto
o ser: por quê você não se liberta? você sabe onde a chave sempre esteve... por quê vc tem medo de tirá-las? você não está enganando a mim, apenas à você
ele coloca a mão no bolso, pega a chave, e se liberta das algemas

(Paula Meireles)

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

não terminei...


Quanto mais rodeada mais só
Não consigo mais assisti a essa beleza artificial, a qual todos querem consumir
Quanto mais pertenço ao mundo de grandeza, mais quero me fechar no meu pequeno mundo,
Onde as palavras não precisam ser ditas para ser ouvidas
Ao contrário desse mundo grande, onde o verdadeiro não existe, onde as palavras são cuspidas e banalizadas
Um grande mundo de pequenas pessoas, diria até que é um mundo lamentável
Um desvio, uma admiração efêmera, pessoas destacadas pelo seu alto tom de voz, pela sua gargalhada forçada e pela sua fictícia personalidade aparentemente interessante, um grande comercial, como o de um brinquedo que aparenta ser enorme e super divertido com muitas pessoas em volta aparentemente felizes e se divertindo, mas que ao ganhar, vem a decepção, você não fica feliz, não tem conteúdo, é pequeno e só é legal visto na televisão, e mesmo muitas vezes você espalhando para todos que o tem, você sabe que ele está na prateleira, pois o que lhe faz feliz talvez seja a pipa ou a boneca velha que tenha ganhado aos dois anos de idade e todos acham horrorosa
As crianças crescem disputando a imagem ao invés de disputarem brincadeiras, elas crescem gananciosas e sem saber o quão é divertido se sujar de lama e esse tipo de atitude espontânea e infantil, as quais quando praticadas você se vê verdadeiramente sorrindo
O que esperar dos nossos futuros adultos? O que esperar dos filhos dos nossos futuros adultos?
Cada vez mais tecnologia e menos diálogo, menos proximidade entre as pessoas
Essa facilidade em nos comunicarmos serve de pretexto para demonstrar o número de contatos sociais que temos, como se quem tivesse mais "amigos" fosse mais importante ou legal
As fotos valem mais do que os momentos, não importa quem você seja, mas quem você demonstra ser
As pessoas se contentam com o mais ou menos verdadeiro, já que o verdadeiro virou uma lenda
O orgânico está desaparecendo
Sempre me encontro cercada de críticas querendo me comandar, como se um mundo à base de mentiras, interesses e ambição soubesse o que é certo ou errado
É inacreditável o quanto o individualismo das pessoas as une
As pessoas estão cada vez melhores em suas atuações, tanto que elas mesmas acreditam
É um ciclo de decepção, as pessoas se deslumbram e se decepcionam milhares de vezes, algumas conseguem sair desse ciclo medíocre
Não sei diferenciar nem mesmo o que em mim é verdadeiro ou falso, o que eu faço porque gosto e o que faço porque os outros gostam