domingo, 3 de junho de 2007

A riqueza da simplicidade


Pedro estava olhando para janela escura de seu carro blindado a qual nunca notava
E viu de longe uma mendiga feliz na rua que entrava
Imediatamente pediu ao motorista que parasse, saltou de seu carro com medo da área que parecia perigosa
e invejou a mendiga que estava toda prosa
Ana: Pedro, o que fez você não me ignorar?
Pedro: como sabe meu nome, mendiga? vai me assaltar?
Ana: todos sabem seu nome nessa cidade, você é importante na mídia, mas isso não lhe dá o direito de me insultar
Pedro: uma mendiga falando de direitos, olha o estado que mundo está
Ana: disso entendo mais que você, estava como todos os dias de chuva na minha, por quê desceu do carro para me humilhar?
Pedro: porque me chamou atenção sua falsidade em sorrir com com sua vida medíocre, sem teto para em um dia de chuva se abrigar
Ana: não se engane, Pedro, tenho algo que você procura em si, mas nem com toda sua riqueza consegui sentir
Pedro: Não há nada que você possa ter que eu não tenha sua mendiga arrogante
Ana: cuidado com suas palavras, até agora tenho sido bastante tolerante
Pedro: você não me põe nem um pouco de medo
Ana: você sabe que está errado, Pedro
Sabes que contra sua força física nada posso, mas tem medo do que eu possa vir a falar
Cada vez fica mais claro o porque me procurou, suas palavras mostram suas ausências e tudo que passou
Pedro: qual seu nome?
Ana: Ana... não é em mim que irá achar o que procura, é em você
Pedro: Pareces tão maluca, mas é coerente as palavras que saiem de você
me ajuda, me faz me sentir assim, me diga porque
Ana: não há explicação, para alguns a chuva é um grande problema, para outros ela é uma benção para limpar a alma, para alguns o mar é menos um pedaço de chão, para outros ele é uma água sagrada, para alguns o céu é o indicador do entardecer, para outros ele é a prova da grandeza de viver, olhe para o movimento das nuvens, não há nada que você possa fazer que irá mudar e nem mesmo a ciência conseguirá sua beleza explicar, o vento, um sorriso, uma criança, um animal, a natureza, as folhas se movimentando, um toque, a música, o sentimento, uma pessoa, um olhar, um cheiro, uma família, uma bola de ar, as luzes, o cheiro de grama, o sino a tocar, coisas da infância, tudo isso me faz pensar
tenho vontade de explodir todos os dias de felicidade por tudo isso poder sentir, não é o fato deu ser mendiga que me vai me diminuir
Pedro, feche os olhos e imagine que tudo fosse desaparecer, o que iria querer?
Pedro: iria querer voltar ao sítio do meu avô, aproveitar cada momento com meu pai observando o vento levar a pipa, o cheiro de terra após a chuva, o banho no rio, almoço em família, com minha vó falando de muito tempo atrás e minha mãe me cobrindo, jogar bola com meus amigos, construir uma casa na árvore, comer o bolo da minha tia
Enquanto Pedro abre os olhos lentamente, Ana enfia nele um metal
Pedro pode reviver todos esses momentos antes de morrer como se durasse uma eternidade,
enquanto tudo passa a ficar escuro em sua mente, agarram Ana e a chamam de delinquente
Ana morre linxada em seguida, passando em sua cabeça todas as imagens com seus filhos que mesmo sem brinquedos eram felizes ao verem a lua, ao sentirem o vento, a pularem no mar, em semelhantes momentos, mas que ficaram doentes e sem para onde recorrer Ana foi a casa de Pedro como muitos outros pedir ajudar para sobreviver, Pedro nem a olhou e negou ajudar em sua necessidade sem ter idéia de que estava tirando muito de felicidade
mesmo após ver seus filhos morrerem em seus braços em uma morte lenta e dolorida, ela ainda conseguia ser feliz ao ver esses momentos, mas em um momento de raiva agiu sem pensar, houve um arrependimento antes de morrer, mas agora não há nada que possa fazer
um ato leva à outro, pequenos atos deixam grandes marcas, sejam positivas ou negativas
A simplicidade da visão, faz dos que a vêem e a usam muitas vezes felizes, dos que complicam muitas vezes perdidos, a simplicidade nos atos mudam de uma forma imensa o futuro, muitas vezes a falta de simplicidade não nos deixa ver, agir e escutar e se perde algo que poderia ganhar

(Paula Meireles)

2 comentários:

Unknown disse...

gostei mto!!
um dia ainda te conto uma historia minha q minha mamae sempre me conta..envolvendo mendigos..
adorei esse texto!!
bjaum amorr!

http://paulodavidaathos.blogspot.com/ disse...

Muito bom!!!

Perfeito!!!

Amei!